Aproxima-se o final de um período de tempo na contagem do mundo. Ansiosa
expectativa se apresenta: Que tempos serão os que vêm?
Quantos sentem desarticularem-se as bases frágeis sobre as quais assentaram
a precária construção de suas vidas?
Quantos se enchem de novo entusiasmo, traçando planos novos e renovando
esperanças?
O tempo é recurso concedido por Deus para o aprimoramento das suas
criaturas, mas sua contagem é criação do homem, resultando
em convenção que auxilia os desdobramentos das atividades do
mundo. Os números com que identificamos o período não
tem significado por si mesmo da perspectiva maior da vida, contudo percebemos
que eles nos ajudam a lembrar o tempo mais ou menos dilatado que estamos aproveitando
ou desperdiçando, em decorrência da direção dada
às nossas energias.
Irmãos de ideal espírita:
Interessa-nos falar-lhes da preocupação com os caminhos do Movimento
que representa, nos cenários do mundo, a Doutrina consoladora dos
Espíritos. Há quase 150 anos, inaugurou-se na Terra um Novo
Tempo: tempo de renovação do ideal cristão. A mensagem
luminosa surgiu das vozes do céu, trazendo renovadora leitura dos
textos do Evangelho do Cristo, a fim de que pudesse o homem reeducar-se para
a vida.
Questionemos a nós mesmos, ao nos aproximarmos da significativa data
que marca o fim de um milênio: Que tenho feito dos talentos a mim confiados?
Que resposta tenho dado ao chamamento para a construção do
Reino de Deus na Terra?
A Doutrina consoladora que nos irmana, qual potente farol, acende luminoso
facho a varrer as trevas de ignorância que invade e obscurece as almas
e, como bálsamo curador, estende alívio às nossas misérias
morais, amenizando tantas dores. Façamos com que esses recursos alcancem
outros corações, refletindo-os nos atos que marcam nossa presença
no mundo.
Asseverou Allan Kardec que dez homens unidos por um ideal são mais
fortes que cem que não se entendem. Acolhamos a advertência que
se apresenta nas entrelinhas do texto e vençamos a desesperança
ante a violência que se espalha na comunidade dos homens, ante a ignorância
que semeia conflitos, ante as agruras que se multiplicam, enraizadas no egoísmo
que caracteriza ainda a Humanidade.
Se confiamos na mensagem do Espiritismo, se percebemos as diretrizes que vigem
nas palavras abalizadas do Codificador, unamo-nos em torno da bandeira que
ele desfraldou: a bandeira do Espiritismo cristão e humanitário.
Superemos divergências, entreguemo-nos sem resistência às
vibrações da pequena semente do amor que inicia timidamente
seu crescimento em nossos corações, regada pelas lágrimas
ainda tão necessárias à umidificação do
terreno ressequido de nossas almas e estejamos certos de que, embora os espíritas
sejamos minoria nas estatísticas do mundo, se nos unirmos, estaremos
fortalecidos pelas vibrações das almas identificadas com o
ideal renovador do Cristianismo, trabalhadores invisíveis, anjos tutelares
da Humanidade que atuam sob a direção de Jesus de Nazaré.
Ante os tempos novos, irmãos, não tenhamos medo, não
nos deixemos levar pela insegurança. Enfrentemos intimoratos a tempestade
que ruge ameaçadora lá fora. Lembremo-nos de que a chuva torrencial
pode destruir, mas também renova o ar que respiramos. Cabe a nós
fazer com que brilhem nesses tempos novos o sol da paz. Paz entre irmãos
de todas as latitudes.
Seja qual for a posição em que nos encontremos, podemos ser
luz, podemos ser pão e água pura.
Trabalhemos.
Leopoldo Machado
(Mensagem recebida pela médium
Dalva Silva Souza na noite de 29
de outubro de 1999, no início
do IV Congresso Espírita do Estado do Espírito Santo)í
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