Nos últimos dias sobrevirão
tempos difíceis.
O mundo contemporâneo vive uma fase das mais periclitantes, confirmando,
assim, a palavra inspirada do enérgico Apóstolo da Gentilidade,
na sua carta a Timóteo.
O clima apreensivo em que se debate a Humanidade confirma, de forma clara
e insuspeita, o asserto paulino.
Nuvens sombrias, prenunciadoras de violentos temporais, desfilam no espaço
infinito.
Nos profundos oceanos da vida, agitadas procelas indicam a subversão
dos valores morais, em que se assentam a virtude e o bem, avassalados, a
cada instante, no impetuoso turbilhão das torrentes do mal.
As paixões humanas, os entrechoques de idéias e a impetuosa
avalanche do egoísmo tendem a mudar o facie planetário.
Todas essas forças espalham, nesta fase de transições,
as sementes da desconfiança e do rancor, da ambição e
das vinditas seculares .
Por toda a parte, evolam-se clamores para o Alto...
De um lado - a prece sincera daqueles que, neste momento decisivo da História
Humana, recordam, envolvidos em sublimes eflúvios de Esperança
e Amor, a Mensagem de Paz trazida à Terra e legada aos homens
pelo Admirável Pastor Galileu -Jesus, o Cristo de Deus.
Do outro - a angústia dos que desconhecem a lei de Causa e Efeito,
que rege, justa e sabiamente, os destinos das humanidades, a estrutura moral,
social e cultural das civilizações.
O homem contemporâneo, inacessível, em sua esmagadora maioria,
às Eternas Verdades, pousa placidamente o olhar entristecido sobre
os longos caminhos da vida, e vê somente o que lhe permite o seu limitado
poder visual: o sombrio espetáculo de sombrias paisagens .
Interroga, então, o espaço imensurável...
Mas o "pisca-pisca" das estrelas não dá resposta às suas
conjeturas e indagações atribuladas.
O lençol alvinitente da Via-Láctea, pontilhado de milhões
e milhões de astros, representa, todavia, uma fagulha de suave e doce
Esperança, como se fora. o Olhar Divino envolvendo a Terra inteira
.
* * *
Nas noites de plenilúnio, quando a alma dos seres e das coisas vibra
ante o sublime convite à meditação e à prece fervorosa,
o coração da Humanidade repleta-se de Esperança.
No cenário deslumbrante da Natureza adormecida e embalada pelos reflexos
do luar, sente o homem, no mais profundo do seu Espírito, a realidade
grandiosa, incomparável, da Presença Divina.
O Universo em silêncio é todo um poema de exaltação
ao Criador.
Na exuberância magnífica do Seu Poder e Justiça, Sabedoria
e Amor, o Sublime Arquiteto faz sentir, através da Sua portentosa obra,
o inesgotável carinho pelos que lutam e sofrem, trabalham e se aperfeiçoam
na forja dos avatares purificadores .
A mente humana, porém, esquiva como a própria Lua, vacila e
estremece em face das manchas que, de espaço a espaço, envolvem
a superfície terrestre, em alternativas de luz e sombra.
O homem moderno pensa e medita...
E, meditando e pensando, emaranha-se no abismo das cogitações
filosóficas e religiosas .
E nesse labirinto especulativo, onde a ausência do Cristo gerou dogmas
e preconceitos, começa, inelutavelmente, a descrer de tudo, a desconfiar
de todos.
Nos resplandecentes sólios da Espiritualidade, o Mestre, todavia, ante
o futuro, ora e trabalha.
A Sua meta é a felicidade humana.
Aqui em baixo, na Terra, religiões centenárias e milenárias,
intensas ao processo evolutivo da Vida, em todas as suas manifestações,
agrilhoadas a perecíveis dogmas de fé, respondem, sem dúvida,
por essa tendência céptica que se vai infiltrando na consciência
dos homens, especialmente dos homens que estudam e meditam, analisam e observam.
A velha teoria do crer por ouvir dizer está, evidentemente, fora das
cogitações do homem moderno.
Martins Peralva
extraído do livro
Estudando o Evangelho - À Luz do Espiritismo - 2º ed. FEB
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