“A condição absoluta de vitalidade para toda reunião ou associação, qualquer que seja o seu objetivo, é a homogeneidade, isto é, a unidade de vistas, de princípios e de sentimentos, a tendência para um mesmo fim determinado, numa palavra: a comunhão de idéias.” 
(Allan Kardec – Obras Póstumas, Constituição do Espiritismo, item VIII)

          Ressalta-se desse comentário de Kardec a importância da união entre os adeptos da Doutrina Espírita. Unidos, fortalecemo-nos para dar continuidade às tarefas que nos cabem dentro do movimento espírita com o propósito de levar a outros corações os recursos de consolação, esclarecimento e esperança que a Doutrina faculta. Foi em busca desse objetivo que a Federação Espírita Brasileira (FEB) e a Federação Espírita do Estado de Goiás (FEEGO) se empenharam para organizar o 1º Congresso Espírita Brasileiro, realizado nos dias 1º, 2 e 3 de outubro. 
          Participar desse evento foi gratificante. Estivemos em contato com expressivas lideranças de várias partes do Brasil. Pudemos ouvir exposições, palestras e conferências que focalizaram diversos aspectos relacionados às atividades espíritas, vinculadas à temática geral: O Espiritismo no Brasil: Ontem, Hoje e Amanhã – Ação de Confraternizar, Unificar e Divulgar.  Todo congresso é sempre oportunidade de congraçamento, momento de estreitar laços de amizade, de rever companheiros que militam em localidades distantes, de trocar idéias e experiências, de repensar os rumos do movimento, de programar maiores realizações. Há uma fertilização dos corações, exatamente pela proximidade que gera a soma de energias, reforçando em cada um o ideal de trabalho em busca da paz, do entendimento, da eficiência na divulgação doutrinária. Mas esse 1º Congresso foi particularmente importante, porque, focalizando a unificação, neste final de milênio, marca um novo tempo de mais integração e fraternidade entre todos nós, no novo milênio que se avizinha. A família espírita precisa estar unida, para formar o feixe de varas inquebrantável de que nos fala o Codificador, capaz de resistir aos embates da sombra que sempre tenta obstar as realizações que objetivam o crescimento espiritual do homem.
          A conferência de abertura proferida por Divaldo Pereira Franco foi um atestado de confiança e incondicional adesão aos propósitos da FEB. Falou-nos o conhecido conferencista baiano sobre a história do Espiritismo, destacando as informações de Humberto de Campos, no livro “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”, sobre o transplante da “Árvore do Evangelho” para o Brasil. Advertiu, contudo, que longe de significar motivo de exaltação do orgulho nacionalista, a informação transfere-nos a responsabilidade pelo trabalho que deveremos desenvolver, em busca do ideal de fraternidade, uma vez que a missão pode resultar em vitória ou fracasso, dependendo de como e quanto estejamos envolvidos nessa realização.
          Em momento especial, dentro do evento, comemorou-se o Cinqüentenário do Pacto Áureo: Acordo de Unificação do Movimento Espírita Brasileiro assinado por representantes da Federação Espírita Brasileira e líderes de diversas Federações e Uniões de âmbito estadual, em 1949, concretizando aspirações de união fraterna e solidariedade entre os adeptos do Espiritismo de todos os quadrantes da terra brasileira.
          Ao longo das diversas atividades dentro do Congresso, pudemos acompanhar propostas e estudos sobre todos os ângulos das ações desenvolvidas nas instituições espíritas. Cabe-nos agora, cada um em seu núcleo de trabalho, examinar o saldo de aprendizagens, refletir sobre a nossa própria atuação, procurando trabalhar como multiplicadores entre aqueles que não puderam estar presentes ao evento. No encerramento, durante a palestra de Divaldo Franco, manifestou-se o Espírito Adolfo Bezerra de Menezes, que dirigiu ao público palavras emocionadas de incentivo à união e chamamento ao trabalho. A emoção tomou conta de todos nós e, com certeza fixou de modo indelével em nossos corações o propósito de prosseguir, sem desfalecimento, rumo ao ideal que abraçamos.