SEGUNDO
A CARNE
“Porque, se viverdes segundo a carne,
morrereis.”- Paulo. (ROMANOS, 8:13)
Para quem vive segundo a carne, isto é, de conformidade com os impulsos
inferiores, a estação de luta terrestre não é
mais que uma série de acontecimentos vazios.
Em todos os momentos, a limitação ser-lhe-á fantasma
incessante.
Cérebro esmagado pelas noções negativas, encontrar-se-á
com a morte, a cada passo.
Para a consciência que teve a infelicidade de esposar concepções
tão escuras não passará a existência humana
como comédia infeliz.
No sofrimento, identifica uma casa adequada ao desespero.
No trabalho destinado à purificação espiritual, sente
o clima da revolta.
Não pode contar com a benção do amor, porquanto, em
face da apreciação que lhe é própria, os laços
afetivos são meros acidentes no mecanismo dos desejos eventuais.
A dor, benfeitora e conservadora do mundo, é-lhe intolerável,
a disciplina constitui-lhe angustioso cárcere e o serviço
aos semelhantes representa pesada humilhação.
Nunca perdoa, não sabe renunciar, dói-lhe ceder em favor
de alguém e, quando ajuda, exige do beneficiado a subserviência
do escravo.
Desditoso o homem que vive, respira e age, segundo a carne! Os conflitos
da posse atormentam-lhe o coração, por tempo indeterminado,
com o mesmo calor da vida selvagem.
Ai dele, todavia, porque a hora renovadora soará sempre! E,
se fugiu à atmosfera da imortalidade, se asfixiou as melhores aspirações
da própria alma, se escapou ao exercício salutar do sofrimento,
se fez questão de aumentar apetites e prazeres pela absoluta integração
com o “lado inferior da vida”, que poderá esperar do fim do corpo,
senão sepulcro, sombra e impossibilidade, dentro da noite cruel?
Texto extraído do livro "Pão
Nosso" -Ítem 78
Francisco C. Xavier (pelo espírito
Emmanuel)
|